Revista Rua

2018-05-03T10:21:22+01:00 Histórias

5 Janelas

“É errado pensar em tendências quando o ponto fulcral é a necessidade do cliente”
Andreia Filipa Ferreira3 Novembro, 2017
5 Janelas
“É errado pensar em tendências quando o ponto fulcral é a necessidade do cliente”

Fotografia: D.R.

Há 25 anos, um primeiro andar de um edifício em Guimarães recebia os primeiros passos de um atelier que roubou às cinco janelas do espaço a inspiração para o seu nome. À frente do projeto estava Francisco Neves, o homem que buscava a criatividade em todas as viagens, leituras, memórias dos lugares por onde passava. Ainda hoje assim é. Às cinco janelas do nome juntou cinco cadeiras à imagem da marca, e voilá! Nascia a história de um dos mais consagrados designers de interiores do nosso país.

Hoje, com serviços de arquitetura de interiores e decoração, o atelier 5 Janelas abarca ainda outros projetos em paralelo, como a galeria de arte apelidada Galeria 5, a loja de venda de artigos selecionados e, a abrir brevemente, a Cinco Muito, uma gift shop. “Gosto de pensar que há uma identidade que liga estas várias áreas”, conta-nos Francisco. Com um olhar preciso e, ao mesmo tempo, atento às necessidades de quem o procura, o designer que já viu o seu trabalho reconhecido pela Andrew Martin, considerada por muitos como a Bíblia do design de interiores, tem arrecadado sucessos com projetos dignos de menção: a Pastelaria Fina, em Guimarães, o Hotel Cidnay (nomeadamente duas suítes e a esplanada), em Santo Tirso, a recente Joalharia Hamici, também em Guimarães, e o badalado restaurante Antiqvvm, no Porto, são apenas alguns dos exemplos. “O projeto de decoração de interiores do Antiqvvm foi muito desafiante e pensado de forma a harmonizar-se com o lugar. O edifício existente já estava carregado de história, cheio de particularidades espaciais que o tornam especial, como os belíssimos jardins envolventes. A grande influência para a decoração foram estes mesmos jardins: procurei transportar para o interior a essência da paisagem, da vista sobre o rio, dos jardins. A intervenção focou-se nos detalhes de serenidade e conforto, composto pelo jogo de cores, texturas, luz, aromas”, descreve-nos Francisco Neves. E já que falamos de influências, é impossível não questionar: então e de onde surgem estas ideias? O designer explica: “os trabalhos nascem sempre da dicotomia entre a maneira de estar do cliente e a interpretação que eu faço dos espaços e das necessidades. Não é possível separar estas duas vertentes. O que mais marca o meu trabalho é o facto de focar a atenção no cliente e valorizar o diálogo. Os clientes da 5 Janelas sabem que o meu trabalho é garantia de um serviço sur mesure. E obviamente que me dá uma enorme satisfação saber que os surpreendo com o resultado final. Porque, no final, o que conta é mesmo a satisfação de quem vai viver todos os dias aquele espaço”, explica Francisco, mencionando que apesar dos projetos para o público geral serem os mais comunicados, grande parte do seu trabalho está nas casas particulares. “Há clientes que deixam todas as decisões nas minhas mãos. Pretendem projetos chave na mão. Outros, preferem a abordagem em que vão acompanhando as decisões e participando ativamente na escolha. Cabe ao cliente decidir qual o meu papel no processo. Algumas pessoas procuram ser surpreendidas, encontrando um produto final que exceda as suas expetativas, daí deixarem todas as decisões a meu critério”, explica o designer, acrescentando: “O design de interiores é um serviço de proximidade: quando um trabalho é executado, cria-se um laço – e não há possibilidade de me desligar dele. Assim, a qualquer momento, os clientes podem pedir-me mais um detalhe, mais um apontamento”.

Acreditando que a necessidade do cliente é mais importante que qualquer tendência que possa criar, Francisco Neves mantém-se ativo na reformulação de interiores, dando o seu toque único de bom gosto e sofisticação.

Da esquerda para a direita Joalharia Hamici e Restaurante Antiqvvm

Pastelaria Fina

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