Revista Rua

2018-05-03T10:59:11+01:00 Opinião

Turismo: novo desafio para o Minho

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Redação
2 Março, 2018
Turismo: novo desafio para o Minho

Portugal fecha o ano de 2017 com resultados excecionais: mais um milhão e meio de hóspedes e mais quatro milhões de dormidas. Mais turistas, mas também mais proveitos, com mais 491 milhões de euros arrecadados, o que é muito bom e valoriza ainda mais o papel que o turismo tem para a saúde da economia, mas importa qualificar ainda mais, diversificar, dar escala e acrescentar valor, em tempo de bons resultados.

O Minho, região de reconhecimento nacional ímpar, tem quatro grandes imagens de marca: a sua paisagem; o património bem cuidado; a Festa e os usos e costumes das gentes do Minho; e a hospitalidade das boas gentes do Minho.

O Minho e os seus responsáveis têm, também, sabido aumentar e potenciar a oferta cultural, não só requalificando o seu património construído, mas apostando numa oferta constante e estruturada ao nível cultural, nas suas diversas manifestações, e bastante transversais nos destinatários do consumo cultural.

Se olharmos para a região do Porto e Norte de Portugal, o produto turístico que aporta mais proveitos e mais turistas é manifestamente o City & Short Breaks, no Porto e em Vila Nova de Gaia, onde a oferta patrimonial, a oferta cultural, os museus, o Vinho do Porto, entre outros recursos de importante valia, com a proximidade do Aeroporto e do Terminal de Cruzeiros, tem permitido este crescimento, sustentado neste produto.

E o Minho? Pode ser também um destino de City & Short Breaks? Na verdade, se olharmos para os critérios, muitas das condições já existiam e muitas das demais já foram criadas. A chegada de grandes fluxos turísticos está assegurada pela crescente proximidade do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, com as soluções que o território soube encontrar para assegurar as ligações rodoviárias, face à ausência das ligações ferroviárias que assegurem maior rapidez e mais horários.

A riqueza patrimonial é amplamente reconhecida, sendo Guimarães vital enquanto Património UNESCO, mas também a oferta cultural com eventos ao longo de todo o ano tem vindo a crescer significativamente, com os distritos de Braga e de Viana do Castelo a acompanhar os resultados do Património UNESCO e das capitais europeias, sem esquecer ter sido esta região ainda há pouco eleita Região Europeia da Gastronomia (2016).

O que falta? Já identificado como um produto turístico âncora para a região, na Estratégia Provere, é necessária uma estrutura de gestão do destino e produto comum a todo este território, onde o somatório e o compósito são as mais valias complementares à riqueza da oferta. Mas, sobretudo, ajustar o território a condições próprias para a atratividade do destino para este produto: a mobilidade já dentro do território, com oferta pública e privada de transportes regulares, que assegurem rapidez e horários para os tempos dos turistas, mas também ajustar o funcionamento do território ao relógio dos turistas, no que respeita ao comércio, equipamentos de lazer, museus, entre outros recursos, para não ser exaustivo.

Importa ainda referir que ser um destino de City & Short Breaks é, sobretudo, uma questão de opção, sendo necessário ajustar a oferta formativa, mas também pensar que as populações locais não podem sofrer com o próprio sucesso turístico das suas terras. Privilegiar os empresários locais, privilegiar a criação de emprego qualificado para os jovens, aproveitar ainda mais os recursos humanos que no Minho são formados, melhorando as condições de vida dos minhotos.

Sobre o Autor

Paulo Carrança

Docente da Licenciatura em Turismo no Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC)

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