Revista Rua

2018-05-03T10:26:47+01:00 Histórias

Vamos treinar?

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Andreia Filipa Ferreira2 Junho, 2017
Vamos treinar?
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Todos sabemos que os corpos de verão se treinam no inverno, mas algumas vozes se levantam gritando: “Tudo é possível!”. Quando o calor desperta e as roupas vão ficando menores, as preocupações com o corpo vão atingindo o pico das prioridades sociais, mas há sempre o tópico saúde, que deve ser o fator fundamental que orienta qualquer objetivo desportivo. Assim, fomos procurar pessoas e grupos que, organizadamente ou não, vão fazendo da atividade física um modo de vida. Com iniciativas durante todo o ano, as histórias que se seguem são de ambição, dedicação, companheirismo e, sobretudo, paixão pelo desporto.

Vera, a personal trainer

Sempre sorridente e de cabelo apanhado, respeitando o seu outfit de treino, encontramos Vera Peixoto, um dos rostos mais experientes do treino personalizado em Braga. Há 20 anos que Vera, com o seu jeito afável, ajuda os interessados a conquistar objetivos e a garantir um estilo de vida saudável. “Comecei a dar as primeiras pegadas no desporto através do meu pai, que praticava judo. Eu era uma menina bastante nervosa e o meu pai achou que o judo podia ajudar-me. Pratiquei durante um ano, mas aquele não era o desporto certo para a minha personalidade. Não sabia dar as quedas, batia com a cabeça, magoava-me e saía de lá ainda mais nervosa. Segui então para o hóquei e depois para a patinagem artística, mas essas atividades também não me seduziram. Tinha aproximadamente 12 anos quando descobri o taekwondo. Apenas abandonei a modalidade há 14 anos, quando fui mãe. A partir daí, dediquei-me às atividades de ginásio. Fiz formação em pilates, comecei a explorar o body combat (por causa das minhas raízes nas artes marciais), o body step e agora estou muito focada na parte do treino funcional”, explica-nos Vera. Lecionando aulas de grupo no Solinca, no Fitness Up do Braga Parque e no Gym Box e trabalhando como personal trainer num espaço próprio, Vera assegura que o segredo da boa forma física é a dedicação e, acima de tudo, a alimentação. “O exercício é 30% da boa forma física, apenas. O restante é a alimentação! A parte nutricional, o saber alimentar-se bem, é fundamental. Tudo, na porção certa, traz bons resultados”, destaca.

Motivada a ajudar os seus alunos a conquistar os objetivos, Vera assegura que as atividades de pilates ou de total condicionamento têm enchido as salas dos ginásios: “Antigamente associávamos este tipo de exercícios às pessoas mais idosas, mas isso foi desmistificado. Atualmente estou muito ligada à essência da correção postural, do equilíbrio, da resistência e da força e noto que há cada vez mais pessoas com patologias como hérnias, lombalgias, artroses, etc. que me procuram. Por exemplo, tenho um aluno com grau de osteoporose gravíssimo e, ao fim de seis meses, a sua recuperação foi tal que nem o médico acreditava”, conta Vera.

Mas, afinal de contas, quais são os passos seguidos por Vera? “O primeiro conselho que dou ao meu aluno é fazer um check-up completo. É muito importante eu ter as bases que fundamentem a condição física de cada pessoa. Faço então uma avaliação primária física do aluno, quer seja a nível de flexibilidade ou de resistência, percebo se existem patologias a ter em conta e focalizo os objetivos. A partir daí, é treinar!”, diz a personal trainer. E aos “atletas” que procuram resultados rápidos, Vera deixa ainda uma mensagem: “Tudo é possível! Querer é meio caminho andado”.

Plano alimentar

O exercício é só uma parte do seu treino! Uma alimentação equilibrada é meio caminho andado para o sucesso.
Nunca se esqueça: “Somos o que comemos!”

Pequeno-Almoço

•  1 Iogurte grego natural magro com canela em pó e juntar uma colher de sopa de sementes
• 1 peça de fruta

Lanche da Manhã

•  1 pão de mistura ou centeio com queijo fresco
•  1 infusão ou 1 sumo de limão

Almoço

•  1 prato de comida em que metade seja legumes ou salada, ¼  seja carne ou peixe e ¼ seja farináceos e/ou leguminosas
•  sobremesa 1 peça de fruta ácida.

Lanche da Tarde

•  1 ovo cozido
•  1 mão de oleaginosas

Jantar

•  1 sopa de legumes
•  1 prato com a mesma disposição do almoço

Plano de Treino

O treino é importante para se sentir bem física e psicologicamente, mas treinar demasiado tempo e de forma incorreta pode provocar danos, lesões e dores crónicas. Todos os exercícios devem ser personalizados para o tipo corporal, necessidades e objetivos de cada pessoa. Aqui, Vera Peixoto dá-nos a conhecer alguns exercícios que pode realizar em qualquer lugar, sem qualquer equipamento, apenas utilizando o peso do seu corpo.

12 Exercícios (30 segundos de treino e 10 segundos de descanso)

Obs: Em função da condição física, optem pelo nível iniciado, médio ou avançado, aumentando o número de rondas em cada série de 12 exercícios.

Aquecimento

•  20 Jumping Jacks (Polichinelos a pé juntos ou alternados)
•  20 Mountain Climbers (com o peso do corpo)
•  10 Rotações de ombros (frente e trás)

Treino

•  Skiping (Elevação de joelhos alternados ou marcha)
•  Squat (Agachamento 45 graus)
•  Push Ups (Flexões de braços sem apoio de joelhos ou com apoio)
•  Russian Twist (Abdominal Oblíquo)
•  Step Up (Pés alternados, subindo e descendo um banco ou degraus)
•  Wall Sit (Agachamento a 80 graus, descendo o busto e mantendo-o imóvel em contração muscular)
•  Triceps Bench Dips (Mãos apoiadas no banco ou degrau, baixe o corpo com um movimento lento e controlado até formar com os cotovelos um ângulo até 90 graus, pés fletidos ou pernas esticadas)
•  Plank (Prancha com apoio ou sem apoio de joelhos)
•  Jumping Jacks (Polichinelos a pé juntos ou alternados)
•  Side Plank (Posição lateral em contração muscular alternada com ou sem apoio de joelhos)
•  Forward Lunges (Passo à frente alternado, posição ereta do corpo até os joelhos coincidirem com um ângulo de 90 graus)
•  Superman (Super-Homem: em decúbito ventral, elevação do tronco e braço com perna alternado. Braços alinhados com ombros)

O crossfit adapta-se a toda a gente!

Marcos Costa Pinto, 5.7 Crossfit

Quando pisamos a box do 5.7 Crossfit, em Guimarães, já a música acompanhava o ritmo da corda a bater incessantemente no chão. O relógio estava atrasado cinco minutos propositadamente, como que convidando os atletas a esquecer o mundo lá fora e a orientarem-se pelo bater dos minutos daquela box. Quem nos recebe é Marcos Costa Pinto, o professor por vocação – como se intitula -, que em dezembro de 2015, juntamente com a sua irmã, deram vida à primeira box afiliada de crossfit em Guimarães. “Estive ligado à área do Alto Rendimento durante muitos anos, tinha um emprego estável em Gestão Desportiva numa Câmara Municipal, mas sempre tive a ideia de abrir um espaço direcionado para elites, para atletas… e daí nasceu o gosto pelo crossfit”, explica Marcos.

Com uma equipa de seis treinadores direcionados para as aulas de crossfit, mobilidade ou até ioga, o 5.7 Crossfit tem como grito de guerra a filosofia de que o crossfit é para todos. “Quem não conhece a essência da modalidade, chega até nós com as imagens daquilo que buscam na internet, que normalmente são sempre grandes campeões, atletas de grande porte até. Ora, eu costumo dizer que nós aqui somos todos pequenos e inteligentes”, afirma, risonho, Marcos, acrescentando ainda: “A base do crossfit são exercícios funcionais: sentar, levantar, empurrar, correr, andar de quatro… Desde que a pessoa não tenha qualquer problema funcional – e se tiver nós adaptamos o treino de acordo com as necessidades -, consegue adaptar-se ao treino de crossfit. É sempre uma atividade exigente, mas com a melhor qualidade de informação dada pelos nossos coaches, o crossfit adapta-se a toda a gente!”. Ainda não está convencido? Quer um exemplo? O Marcos dá: “A minha mãe tem 70 anos e faz crossfit adaptado. Vem cá três vezes por semana. Também temos aulas para miúdos, dos quatro aos 12 anos. É engraçado ver a felicidade deles quando percebem que conseguem fazer a mesma atividade que os pais”, conta.

Destacando a importância de saber o estilo de vida dos atletas que os procuram, procedendo a avaliações nutricionais, a box do 5.7 Crossfit integra ainda um gabinete de apoio orientado por nutricionistas, osteopata e até terapias relacionadas com a acupunctura. “O nosso objetivo é sempre dar o máximo de qualidade informativa à pessoa que nos procura. É também por isso que temos sempre dois ou três treinadores por aulas, essencialmente para corrigir movimentos”, assegura Marcos. Com cerca de 150 atletas e aulas de crossfit limitadas a 12 vagas para manter “a energia humana e a entreajuda entre a comunidade”, o 5.7 Crossfit tem um horário de funcionamento de segunda a sexta das 7h às 22h (e sábados das 10h às 16h).

Os Amigos da Montanha

Era uma vez um grupo de amigos, há cerca de 20 anos. Apaixonados pela montanha, iam organizando, entre eles, caminhadas, pernoitadas ao ar livre, atividades de alpinismo e até escalada. Munidos de um espírito de companheirismo, viam naquelas atividades uma forma de se alinharem com a natureza. Foram tirando formações e envolvendo mais pessoas nas suas iniciativas, até que surgiu a ideia de criar uma associação. A montanha estava no centro de tudo e foi essa montanha que quiseram trazer para a sua sede, em Barcelinhos.

Num espaço amplo e dinâmico, a sede da associação dos Amigos de Montanha foi o culminar de uma aventura que privilegiava o desporto, o meio ambiente e a solidariedade social. Foi nessa sede, que inclui também um albergue para os peregrinos que rumam a Santiago de Compostela e um ginásio para sócios, que conhecemos Américo Alves, o presidente da associação. “No decorrer desta história, achámos por bem abrir as portas a outras atividades. Começámos por desenvolver o pedestrianismo, depois o BTT, a orientação, a canoagem, o rafting e, por último, o trail, o atletismo e a natação. Com secções autónomas responsáveis pela gestão das atividades, fomos fomentando a atividade desportiva, promovendo a preocupação com o meio ambiente”, explica Américo, referindo que a associação opera essencialmente através do trabalho voluntário, organizando eventos desportivos, formações, workshops e outras iniciativas que revertem para a ajuda social. Incutindo a prática de atividade física e o respeito pela natureza, os Amigos da Montanha vão organizando provas diversas e, mais recentemente, orientando equipas de formação em atletismo, natação ou orientação.

Na agenda, para além das atividades no rio Cávado, destacam-se o Ori Trail Rogaine (orientação, a 17 de junho), a Night Run (a 15 de julho) e a Maratona BTT dos 5 Cumes (a 24 de setembro).

Os Amigos do Pedal

Antes de mais, o ponto essencial: para ser amigo destes amigos, o nosso leitor tem que aguentar a pedalada! Em 2006, Paulo Machado Ruivo e os amigos descobriram a bicicleta como meio para exercitar o corpo e, acima de tudo, conhecer novos locais onde a natureza reinava. Sem grande esforço, iam percorrendo mais de 30 km montados nas suas amigas das horas de lazer, até que foram convidados para organizar uma prova em bicicleta, em Vila Nova de Famalicão. A partir daí, o “bichinho” pela organização de provas que promovesse o espírito de ligação à bicicleta não parou. “Depois dessa maratona, organizámos as 24h BTT, que é o maior evento da modalidade na Europa e não há nada parecido em Portugal. Chegámos a ter cerca de 1000 atletas nessa iniciativa – e não tivemos mais porque tivemos de fechar as inscrições para manter a qualidade da prova. A seguir, surgiu a brincadeira do Duatlo, que é o hoje o maior duatlo do país, e a iniciativa 3h Noturnas, dentro da cidade”, enumera Paulo.

Com essas iniciativas como destaques do seu calendário de atividades, cujas inscrições podem ser feitas através do site dos Amigos do Pedal, a associação que vive da boa vontade dos seus sócios (aprovados sempre por unanimidade dos seus membros) e das empresas da cidade, tem-se tornado numa autêntica plataforma de promoção da atividade física em bicicleta e do cuidado com a natureza. “Nunca é nossa intenção ter nestas provas atletas com nomes sonantes. Estamos mais preocupados em cativar novos públicos para o BTT, em mudar estilos de vida, em dar a conhecer a nossa cidade…”, afirma Paulo.

Na agenda futura, destacamos as 24h BTT a 1 e 2 de julho e as 3h Noturnas a 16 de setembro.

Conhecer Braga a correr

É segunda-feira e o pôr-do-sol já alcançou a Arcada, na Avenida Central de Braga. Aos poucos, os corredores amadores vão chegando, acompanhados pelas suas roupas claras ou refletoras e pelos seus acessórios de luz ou contagem de quilómetros. O percurso já estava traçado pelos membros fundadores do grupo, que todas as segundas-feiras, faça chuva ou faça sol, se juntam para correr e conhecer os recantos de Braga.

Não há inscrições, basta aparecer para correr – atenção: correr. “É necessário alertar as pessoas que isto não é uma caminhada, é uma corrida. Nem que seja em corrida lenta, é sempre uma corrida. Mas o lema é: ninguém fica para trás!”, garante José Gusman, um dos membros fundadores do grupo Braga a Correr. “O projeto nasceu inspirado em iniciativas do género noutras cidades, em que grupos se juntavam para correr. Nós aqui quisemos que o projeto funcionasse para as pessoas que não corriam e que queriam começar a correr. Quisemos dar uma componente social mais forte, com o intuito de apropriação da cidade pelos cidadãos”, conta Nuno Alpoim, outro dos elementos organizadores da iniciativa, que já conta entre 100 a 200 participantes por edição. Seja contar igrejas, fontes ou árvores, seja correr com o objetivo de participar em alguma atividade de solidariedade (como correr até ao Hospital de Braga para conhecer os procedimentos para a dádiva de sangue), a Braga a Correr mantém os seus treinos há mais de 100 semanas consecutivas.

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