Revista Rua

2023-11-14T23:13:02+00:00 Opinião

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Por Sofia Rodrigues
Redação
27 Janeiro, 2021
Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Pergunto-me o que é que ficou naquele lugar mórbido de destruição, naquele lugar abominável, o que é que ficou lá. A nossa humanidade?”
Primo Levi

Hoje, dia 27 de janeiro, comemora-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas, neste dia assinala-se a libertação do campo de Auschwitz- Birkenau, em 1945. Um dos grandes objetivos desta comemoração é ainda promover o ensino sobre o Holocausto, para que não caia em esquecimento e para prevenir que a história se repita.

A banalização do mal foi recente e ocorreu no centro da Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Os factos históricos já são conhecidos por quase todos, mas é importante não os vermos apenas como tal. É importante relembrar que por trás de cada número há um rosto, há uma família destroçada pelos atos cruéis ocorridos durante o Holocausto. Pela perseguição nazi aos judeus e a tortura e morte de milhares de outras vítimas consideradas inferiores e descartáveis, porque eram de etnia cigana, portadores de deficiência, homossexuais ou até mesmo opositores políticos.

Seis milhões de mortos, em pleno século XX. “Judeus fora!” era um dos vários slogans que pairavam no ar de forma a enaltecer a raça ariana.

Evitar os perigos do ódio, da intolerância, do racismo e da violação dos direitos fundamentais humanos. Apelar à justiça, inclusão e solidariedade. Tudo isto passa por conhecer e divulgar a História, que nos mostra – sempre – que a intolerância, a violência e o incitamento ao ódio não são a solução e que só acarretam dor e sofrimento.

Importa igualmente relembrar que todos nós temos a responsabilidade de impedir a apatia, principalmente dada a realidade atual, onde vivemos sob uma “ameaça anestesiada”, onde prolifera uma crescente intolerância e onde se ouve sussurrar, um pouco por todo o mundo, discursos que incitam o ódio, a discriminação e a xenofobia.

Como refere Primo Levi, escritor italiano e judeu, que passou onze meses em Auschwitz, no seu livro Se Isto é um Homem, o essencial da questão é “Se isto é um homem, se isto é uma mulher, eu pergunto-me hoje, ainda seremos homens? Ainda seremos mulheres? Ainda seremos seres humanos? Pergunto-me o que é que ficou naquele lugar mórbido de destruição, naquele lugar abominável, o que é que ficou lá. A nossa humanidade? Ao longo destes 50 e tal anos da minha vida, olhando à minha volta, olhando para dentro de mim mesmo, muitas vezes me detenho a perguntar ‘será que essa humanidade não ficou lá?’ Por favor, ajudem-me a acreditar outra vez que um dia ainda seremos finalmente homens e mulheres”.

No Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto é exatamente sobre esta questão que devemos refletir. Por nós, pela Humanidade, por aqueles que sofreram com o antissemitismo alemão e por aqueles que têm vindo a sofrer, em pleno século XXI, com os discursos corrosivos.

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