A Estrada Nacional 103: o caminho traçado pela Mãe Natureza
Por Joana Rebelo
Barcelos, Boticas, Braga, Chaves, Esposende, Montalegre, Póvoa de Lanhoso, Valpaços, Viana do Castelo, Vieira do Minho e Vinhais. Estes são os municípios em destaque, com uma estratégia comum: a valorização e a promoção turística da Estrada Nacional 103.
A Sala de Atos, no Teatro Municipal de Bragança, foi hoje palco de uma reunião que o Município de Bragança, em parceria com a Turismo do Porto e Norte, promoveu com todos estes municípios.
“Reconhecemos o potencial turístico da Estrada Nacional 103 e dos territórios que atravessa, pelo que o objetivo comum é dinamizar e promover o vasto património existente, criando riqueza e incentivando o seu usufruto, seja a pé, de mota, de bicicleta ou de carro”, destacou o Presidente da Câmara Municipal de Bragança, Hernâni Dias, durante o encontro.
A Estrada N103 é o coração do Norte, formado pelo litoral minhoto, que permitiu a criação de um património comum a todos os que carregam o Norte ao peito.
Com a extensão de 274 quilómetros, a N103 liga a localidade de Neiva, pertencente a Viana do Castelo, a Bragança, assim como abrange territórios inéditos como o Parque Nacional da Peneda-Gerês, o Parque Natural de Montesinho, as Reservas da Biosfera Transfronteiriças e a Barragem dos Pisões. Engana-se quem apenas restringe N103 à riqueza natural. Ela une sabores, aromas, raças autóctones, lendas, histórias e marcas dos que um dia deixaram a sua história por contar. Liga crenças, religião, cultura, tradições, arqueologia e arquitetura. É um produto turístico com um valor incalculável, também pelas memórias que colecionou e continua a arrecadar.
De Oeste a Este passa a estrada, com o seu traçado sinuoso, permitindo a quem passa sobre ela visualizar com pormenor a natureza. Aleado ao ar puro e fresco da paisagem, estão os rios. Rios diversos, mais e menos conhecidos, como o Cávado, Neiva, Tâmega, Rabaçal, Rabagão, Beça, Tuela, Baceiro e Fervença. A fauna e flora são elementos fortes, constantemente presentes.
Ideias são discutidas para aperfeiçoar o projeto e o Presidente do Turismo do Porto e Norte, Luís Pedro Martins, destaca que “a região quer colocar no mapa internacional das “Road Trips” um conjunto de estradas” que considera das “mais belas do mundo”. “Hoje demos, finalmente, um passo muito importante para a estruturação e futura promoção da N103, é um dia feliz para a região”, disse.
O grupo de fundadores anseia que este novo produto turístico esteja finalizado antes do verão.
O que descobrir num roteiro turístico pela N103?
Farto de estar confinado e limitado pelas restrições da covid-19? Sinta-se mais livre que nunca e explore a estrada nacional 103, uma opção segura e saudável.
A Estrada N103: o caminho traçado pela Mãe Natureza
Caso pretenda aventurar-se numa road trip pelo Norte de Portugal, será uma excelente opção a Estrada N103. A pé, de carro, de mota ou mesmo de autocaravana poderá usufruir das paisagens minhotas, abundantes em espaços verdes, montes e montanhas e, acima de tudo, ar fresco e tranquilidade. Parques naturais, tradições e costumes, religião, fauna e flora proporcionaram bons momentos aos amantes de natureza.
1.º dia: Viana do Castelo- Barcelos- Braga
O roteiro turístico inicia-se na cidade de Viana do Castelo, no Santuário de Santa Luzia. Há quem considere que o santuário é a chave para se gostar de Viana, mas o que é certo é que se apresenta como um dos locais turísticos mais atrativos da cidade. Com vista panorâmica para Viana do Castelo e o Oceano Atlântico, este é um ótimo ponto de partida para se ter perceção da dimensão da cidade.
Como não poderia faltar, segue-se o centro histórico de Viana do Castelo. As raízes da cidade surgem também aqui. Considerado o coração de Viana, a Praça da República é um elemento fulcral de visita. No mesmo seguimento, o edifício da Misericórdia, o Chafariz Quinhentista e o antigo edifício dos Paços do concelho são pontos turísticos a não perder no centro.
Para quem gosta de história e cultura, o Museu do Traje, o Museu Municipal e o Navio Gil Eanes são locais de grande interesse. Caso esteja habituado a uma rotina desportiva, sempre tem uma longa ciclovia litoral e fluvial, podendo percorrer a pé, de bicicleta ou de trotinete.
Continuando o roteiro pela Estrada N103, atravessámos a antiga ponte sobre o Rio Cávado e chegamos à cidade de Barcelos. Este é um local com um forte poder na arqueologia e apresenta um centro histórico que remete para a época medieval. O centro tem vários solares e casas históricas como o Solar dos Pinheiros e a Casa do Condestável. Outros monumentos históricos são o Paço dos Duques, a Torre da Porta Nova e a Igreja Matriz.
Quem visita Barcelos tem de conhecer o Campo da República, local em que se realiza uma das maiores feiras artesanais do país, todas as quintas-feiras. No mesmo largo, a Igreja do Bom Jesus da Cruz e a Igreja da Nossa Senhora do Terço são outros dos pontos turísticos a não perder.
Quem procura a arte e a cultura, será uma boa opção visitar o Museu da Olaria e o Centro de Artesanato de Barcelos, em que se encontra também a peça emblemática da cidade: o Galo de Barcelos.
Por fim, o primeiro dia do roteiro acaba na cidade de Braga. Porém, ainda há muito para ser visto. O património de Braga é incalculável e é bastante conhecido pela sua vertente religiosa. Com mais de 2000 anos de história, vale a pena começar pelo Bom Jesus, que é um dos sacro-montes mais antigos da Europa e foi considerado Património Mundial da UNESCO. É um espaço emblemático, com um vasto escadório que possibilita vista panorâmica para a cidade. Possui a atração do funicular, que se desloca através do contrapeso da água.
No mesmo seguimento, é fulcral visitar o Santuário do Sameiro e a Falperra, dois locais históricos da cidade. Ambos oferecem uma vista deslumbrante de toda a cidade.
Os vestígios romanos são algo que se espera encontrar numa visita a Braga e, na verdade, estão espalhados um pouco por toda a cidade, afinal, esta derivou da antiga cidade romana Bracara Augusta. Um passeio pela cidade seria, igualmente, interessante. O Chafariz do Castelo, o Jardim de Santa Bárbara, o Arco da Porta Nova, a Sé de Braga, o Palácio do Raio e a Casa dos Crivos são locais belíssimos e que merecem atenção.
Importante não se despedir de Braga sem provar os doces tradicionais da região. As tíbias, as Viúvas, o Pudim à Abade de Priscos e os Fidalguinhos são das sobremesas mais procuradas pelos que passam pela cidade romana.
2.º dia de Roteiro: Póvoa de Lanhoso – Montalegre – Boticas – Chaves
Depois de uma boa noite de descanso e um pequeno-almoço reforçado, já deve estar pronto para continuar o roteiro da Estrada N103.
A primeira paragem do segundo dia é em Póvoa de Lanhoso, localizada a cerca de 20km da cidade de Braga. O lugar de destaque é, sem dúvida, o Castelo de Lanhoso, uma das mais antigas fortificações em Portugal, localizado no alto do Monte do Pilar. Próximo a ele, existem mais dois pontos de interesse: o Santuário da Nossa Senhora do Pilar e o Castro de Lanhoso.
Para os que gostam de aventura e diversão, seria boa opção o DiverLanhoso, um dos maiores parques de aventura da Europa. Oferece mais de 50 atividades de desporto, assim como aventura e natureza.
Percorrendo mais uns quilómetros, percebe-se que a Estrada Nacional oferece cada vez mais caminho. Serpenteando vezes sem conta, chega-se a Montalegre, à albufeira da Barragem do Alto Rabagão. Aos mais curiosos, sugere-se que façam um desvio e visitem a aldeia Vilarinho de Negrões, rica em paisagens naturais indescritíveis.
Antes de se realizar a próxima paragem, em Boticas, é imprescindível fazer uma paragem na vila transmontana de Montalegre, visitando o seu castelo, a Igreja da Misericórdia, os Paços do Concelho e o Ecomuseu do Barroso. Para os amantes de fotografia aconselha-se o Miradouro da Corujeira, que oferece uma vista panorâmica esplêndida.
Boticas é a seguinte e penúltima paragem do dia. É imprescindível explorar o Boticas Parque, com cerca de 60 hectares. Este oferece múltiplas atividades ao ar livre, relacionadas com a natureza.
Para quem procura um pouco de cultura e arte, o Centro de Artes Nadir Afonso é uma ótima opção. Este centro divulga os trabalhos do pintor Nadir Afonso, conhecido por ser um dos pioneiros do movimento cinético internacional.
Como uma última atividade, recomenda-se a visita ao Repositório Histórico do “Vinho dos Mortos”, que contém bastante importância na história da região.
O segundo dia do roteiro pela Estrada Nacional 103 termina na cidade de Chaves. Esta foi fundada pelos romanos e é bastante conhecida pelas suas atividades termais. As Termas de Chaves são fulcrais, assim como o Castelo Medieval. Para além destes pontos turísticos, aconselha-se o Paço dos Duques de Bragança, a Igreja da Misericórdia, as Varandas da Rua Direita e a Ponte Romana, conhecida também como Ponte de Trajano.
3.º dia do roteiro: Vinhais – Bragança
Chegamos, por fim, ao último dia. Para este é necessário que tenha descansado o suficiente, porque ainda temos alguns lugares pela frente.
A primeira paragem é em Vinhais, no Parque Biológico de Vinhais, localizado, mais precisamente, no Parque Natural de Montesinho.
Seguidamente, aconselha-a que se desloque para a Vila de Vinhais, conhecida por ser a capital do fumeiro.
Em Vinhais, os melhores pontos atrativos são na cidadela de Vinhais, o Pelourinho, a Igreja Matriz e a Capela da Nossa Senhora da Conceição.
Já no final do percurso, dirigimo-nos para um último destino: Bragança. É indispensável a visita ao centro histórico, caracterizado por remeter à época medieval. Nesta cidade, todos os pontos turísticos de forte interesse encontram-se próximos. Assim sendo, sugere-se a visita às Muralhas da Cidadela, o Castelo de Bragança, a Igreja de Santa Maria, o Pelourinho e o Museu Ibérico da Máscara e do Traje.
Fora das Muralhas, sugere-se a visitar o Museu do Abade de Baçal, o Centro de Fotografia Georges Dussaud e a Arte Urbana de Bragança.
Acaba, assim, o roteiro de três dias, programado para acompanhar a deslumbrante Estrada Nacional 103.
