Numa outra perspetiva de vida, após a “revolução dos Cravos”, segue-se a história das famílias que, também injustamente, foram perseguidas pelos atores políticos da época que mudou o rumo de Portugal.
Joana Cotrim viu na sua saga familiar, mais do que uma forma de vida, uma história para contar. Emigradas para o Brasil, estas famílias tinham de passar pela ostracização e desconfiança dos que ficavam, como se apenas a dicotomia “esquerda” versus “direita” fosse a única forma de viver. Semelhanças com os dias de hoje?
Joana nasce em Portugal, mas tem nacionalidade brasileira, cresce entre o calor húmido tropical e as saudades de uma terra natal e de amigos separados por um Oceano de distância. Numa forma nem sempre fácil ou hábil de gerir situações e muito menos perguntas que se tornam constrangedoras, não querendo abrir fossos ou entrar em campos “minados”. Tem oito anos quando regressa a um país fechado (mas mais “aberto que antes”) e com a ideia de que o 25 de Abril não foi assim tão revolucionador quanto isso.
Com cocriação e interpretação também de Rita Morais, juntando-se em palco Francisco Barahoma, a peça, em cena apenas entre os dias 19 a 22 de setembro na Sala de Teatro do Clube Estefânia, em Lisboa, é um espelho e o resultado de uma investigação pessoal sobre um dos períodos conturbados da nossa história moderna.