Agora que estamos quase a chegar à praia extenuados é certo e sem fôlego, depois de muitas vagas e tsunamis, que quase abalroaram totalmente a frota das Artes de Palco…
Agora, depois de muito gritos de socorro e de muita algazarra fora do tempo.
Agora, que vivenciamos um tempo em que se confundiu assistência social com política de Cultura, numa confusão absurda por vezes… que deu jeito a uns e mau viver a outros.
Agora, que finalmente vai existir na forma de lei um Estatuto dos Trabalhadores da Cultura, seja lá o que isso for, mas que de facto é útil, sobretudo para recolocar alguma Justiça naquilo a que vulgarmente se passou a designar como “intermitentes”, mas que não resolve outras questões de fundo, como por exemplo, o estatuto Profissional do Actor.
Agora, apesar de todas as contradições, deve ser também o tempo para, por uma vez, admitirmos sem rodeios que a Ministra da Cultura tentou sempre, e nalguns momentos conseguiu mesmo, responder em tempo e em substância, às situações mais prementes. Apesar do “estado letárgico” em que o sector vai sobrevivendo há décadas.
Agora podemos dizer, mesmo sabendo que nunca tudo está resolvido, que estamos a sair do fundo dum poço, de onde há uns tempos não acreditávamos poder sair.
Este é, pois, o momento de manifestar à Ministra da Cultura a nossa solidariedade e reconhecimento pela Luta que tem vindo a travar. Um Conselho de Ministros dedicado especificamente à Cultura é coisa nova em Portugal e, talvez, mais importante do que aquela discussão velha sobre a importância de Ministério ou Secretaria. A questão sempre esteve, nas políticas, nos financiamentos que as sustentam e, obviamente, na força política e capacidade de luta (e sofrimento) pelos objectivos, por parte do seu titular.
E a Ministra da Cultura tem manifestado tudo isso.
Por isso tudo, hoje, na CTB queremos manifestar-lhe a nossa solidariedade. Na convicção que o processo cultural, pela sua própria dinâmica, nunca está resolvido, antes implica a cada momento a busca de novos horizontes. É dessa força que se fazem os Homens e as Mulheres que apostam na Cultura como pilar estruturante do aprofundamento democrático. É essa força que reconhecemos na actual Ministra da Cultura.
Nota: Este artigo não foi escrito segundo o novo acordo ortográfico.
Sobre o autor:
Diretor artístico da Companhia de Teatro de Braga.