Revista Rua

2023-10-06T20:15:05+01:00 Atelier, Bazar, Radar

Bailha: o bordado da Madeira, com um toque de futuro

Da criação de David Oliveira, nascido na Madeira, chega-nos Bailha, uma evocação à tradição madeirense, através do bordado.
Bailha - Bordado da Madeira
Cláudia Paiva Silva6 Outubro, 2023
Bailha: o bordado da Madeira, com um toque de futuro
Da criação de David Oliveira, nascido na Madeira, chega-nos Bailha, uma evocação à tradição madeirense, através do bordado.

Reza a história que foram as primeiras colonas a levar o bordado para a Madeira. Proveniente de várias partes do Portugal Continental, a partir da ilha atlântica terá saído pela memória de dedos e palavras, para outros cantos do mundo, numa diáspora que ainda hoje tem lugar.

Embora “propriedade” da Madeira, o bordado madeirense poderá sofrer um declínio em breve, tendo em conta o número de bordadeiras ainda resistentes (ou resilientes) que existem na ilha. As mais velhas vão perdendo a visão e os dedos enchem-se de fragmentos de idade avançada. As mais jovens não veem o futuro em coisas antigas. Mas ainda há quem consiga vislumbrar a necessidade de manter a memória e criação vivas.

David Oliveira é madeirense e arquiteto. Depois de ter estudado no Porto e trabalhado em Oslo, na Noruega, decide regressar à terra berço, com a ideia de juntar o design moderno às tradições madeirenses. Com olho clínico para o desenho, transforma pequenos (mas enormes) elementos culturais e da paisagem da região autónoma em detalhes a serem bordados em camisetas, sacos e em tradicionais lenços.

Recuperando o trabalho das bordadeiras do Estreito de Câmara de Lobos, as senhoras Dorina Pita, Felicidade Mendes, Helena da Silva e Sara Faria, a Bailha promove não apenas a tradição e memória coletiva de um povo, com os seus vilhões e vilhoas, os tils, os maracujás ou as estrelícias. Quer também pautar por fazer parte de certificações internacionais de sustentabilidade, como a Global Organic Textile Standard (GOTS) e Global Recycled Standard (GRS), uma vez que usa algodão de origem 100% biológica ou poliéster e algodão reciclados. Para além de serem produtos vegan, aprovados pela PETA, todos os intervenientes que participam na sua produção, isto é, desde a origem da matéria-prima até às mãos das bordadeiras, fazem parte do comércio justo, estando aprovados com o selo de Fair Wear.

Atualmente, a Bailha já conta com vários modelos para venda, não apenas online, mas também em estreita colaboração com lojas e espaços já conhecidos. No Funchal, na loja Amar. Em Lisboa, na Vida Portuguesa.

A sua última aposta é, como não poderia deixar de ser, no desenho e bordado de uvas, não fosse a região mundialmente reconhecida pelos seus vinhos doces. Em época de vindimas – e ainda de romarias em fim de Verão – resulta numa boa oferenda a juntar às garrafas do precioso líquido.

Entre a técnica tradicional, mas pensando num futuro sustentável, que mantenha a dignidade da cultura madeirense, David Oliveira espera manter a exclusividade do projeto, estando, contudo, de mente aberta a outras colaborações artísticas ou com marcas nacionais e internacionais.

A visitar em BAILHA e na página de Instagram BAILHA MADEIRA.

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