Numa altura em que a RUA alarga os seus horizontes geográficos deixando de ser apenas uma voz da região do Minho passando “a voar, sem fronteiras regionais” importa voltar à casa de partida reequacionando o posicionamento de Braga e a sua relevância num contexto global.
É hoje um dado adquirido que a capital do Minho é a terceira cidade do país. Acresce-se a isto, segundo o Eurobarómetro, que Braga é a cidade mais feliz (melhor qualidade de vida) de Portugal e a terceira da Europa apenas atrás de Oslo e Zurique. Já o relatório anual da Bloom Consulting, uma consultora especializada em city branding, coloca Braga no quarto lugar atrás de Lisboa, Porto e Cascais afirmando-se mais uma vez como “um dos municípios mais procurados online por turistas, investidores e cidadãos em geral”. Por último, por ventura o dado mais importante de todos tendo em conta que Portugal é o segundo país da União Europeia com a população mais envelhecida, Braga é a capital de distrito mais jovem do país. Em 180 mil habitantes, o concelho tem 85 mil jovens com residência fixa no município.
Estes dados positivos são o resultado do trabalho do seu tecido industrial, comercial, universitário e político. Não há propriamente um responsável directo por estes números que são fruto de uma sociedade civil vibrante, activa e muito trabalhadora.
Portugal é um país muito pequeno onde cerca de 60% da população reside na faixa costeira e cerca de 45% do total está concentrada nas áreas metropolitanas de Lisboa (2,8 milhões) e Porto (1,8 milhões). Porventura, o dado mais significativo deste desenvolvimento assimétrico é de que 83% da riqueza do país é produzida na franja litoral do continente.
“Braga não está em competição apenas com os 307 concelhos do país mas em concorrência directa com milhares de cidades de toda a União Europeia. Dito isto, por muito que nos custe, é uma verdade insofismável que o futuro de Braga já não é decidido apenas em Braga mas nos grandes “centros de decisão”.”
“Braga não está em competição apenas com os 307 concelhos do país mas em concorrência directa com milhares de cidades de toda a União Europeia. Dito isto, por muito que nos custe, é uma verdade insofismável que o futuro de Braga já não é decidido apenas em Braga mas nos grandes “centros de decisão”.”
Nos primeiros meses do ano foi anunciado que a cidade de Braga quer ser Capital Europeia da Cultura em 2027, estando a trabalhar a candidatura com “ambição e vontade de vencer”. Este episódio é ilustrativo de uma certa “nova ordem mundial”. Braga não está em competição apenas com os 307 concelhos do país mas em concorrência directa com milhares de cidades de toda a União Europeia. Dito isto, por muito que nos custe, é uma verdade insofismável que o futuro de Braga já não é decidido apenas em Braga mas nos grandes “centros de decisão”.
Ora aqui chegados importa referir que a maioria das cidades e dos países da União Europeia incorporam o lóbi como uma “ferramenta” fundamental para os ajudar a atingir os seus objectivos. Os lobistas passaram a desenvolver importantes tarefas, como a identificação de potenciais parceiros de negócios, prospecção de mercados, detecção de eventuais impedimentos às exportações, captação de investimento estrangeiro, apoio a acções de penetração local dos operadores regionais, divulgação dos produtos e serviços, acompanhamento legislativo, entre muitos outros temas.
Temos que salientar contudo que para a concretização deste projecto é necessária a convergência de todas as forças vivas da região: da indústria ao comércio, da universidade à arquidiocese e na política da esquerda à direita. Braga necessita portanto de criar uma cooperação entre todas as suas instituições com vista à maximização e a uma maior eficiência dos recursos investidos na promoção externa e isso só se consegue presentemente junto dos grandes centros de poder fora dos limites da própria cidade. Para um descendente de bracarenses nascido em Lisboa, muitas vezes as disputas e divergências políticas locais são uma verdadeira aberração sem sentido e sem o mínimo de estratégia global. No actual contexto político e social parece-me que só o município tem capacidade para aglutinar essa vontade regional e dar o primeiro passo na criação deste objectivo.
A história ensina-nos quase tudo, e à imagem do que a cidade já fez no passado junto ao papado em Roma, não seria má ideia que os decisores de Braga pensassem em recrutar lobistas profissionais, fundamentalmente em Lisboa e Bruxelas, com vista à abertura de um caminho que crie igualdade de oportunidades.
Nota: Este artigo não foi escrito segundo o novo acordo ortográfico.
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Consultor de comunicação