Revista Rua

2022-03-14T14:00:44+00:00 Opinião

Combustível: o presente adequado para as famílias portuguesas

Atualidade
João Rebelo Martins
14 Março, 2022
Combustível: o presente adequado para as famílias portuguesas

Os sucessivos aumentos do preço dos combustíveis são pornográficos e afecta famílias e empresas de forma bastante penosa.

É pornográfico pelo valor per si.

15 cêntimos no gasóleo e 8 cêntimos na gasolina, da primeira vez e, hoje, 16 cêntimos no gasóleo e 12,5 cêntimos na gasolina.

Analisando os dados da Entidade Nacional para o Sector Energético – ENSE, observamos que o PVP está sempre acima do valor de referência do sector. A excepção que confirma a regra foi no dia 9 de Março, para a gasolina de 95 octanas e de 4 a 10 de Março, para o gasóleo.

É pornográfico porque é um confisco.

Segundo a APETRO, num litro de gasóleo rodoviário que custava em média, a 28 de Fevereiro, 1,675 €, 49% desse valor, 0,817 € é de imposto. Daqui, 62%, 0,503 € são do ISP e o restante, 0,313 €, são IVA.

Para a gasolina, no mesmo dia, em 1,832€/l, 0,991€ são de imposto, sendo 65% de ISP e o IVA 35%, com 0,343€/l.

Isto é, o Estado, por indicação do governo socialista, enche os cofres com os impostos. Se o ISP poderá ser considerado um imposto intocável, devido à taxa de carbono, já o IVA não o é. Com o aumento dos preços verificados há largos meses, o que o Sr. Primeiro Ministro deveria ter feito era pedir a Bruxelas para baixar o valor do IVA nos produtos petrolíferos. Não o fez e nós pagamos. Certamente no final do ano, com o país a viver em duodécimos, sem Orçamento de Estado, e a confiscar os salários dos portugueses por vai dos impostos, alguém vai gritar que houve um milagre de superavit. Palmas para João Leão!

É pornográfico porque a justificação da guerra não é real, tendo a escalada de preços aumentado desde o final de 2021. A guerra começou só a 24 de Fevereiro.

Será que é mesmo a guerra? Ou será que era algo já pensado, porque há quem defenda que o caminho da descarbonização é a redução do consumo pelo aumento substancial dos derivados do petróleo e do carvão?

Combustíveis e energia mais caros implicam um aumento do valor de tudo o que implica transformação e transporte. Há algo na nossa distribuição alimentar que não necessite de ser transportado?! Os cereais, o peixe, a carne, bens de consumo tão simples como uma t-shirt.

Como é que as pessoas se deslocam de casa para o trabalho, as crianças para as escolas?

Se este aumento tem como propósito a redução do consumo dos derivados do petróleo e do carvão, a resposta dada pelo Estado deverá ser transportes públicos de excelência. O comboio, o metro, o autocarro, com material circulante moderno, com tecnologia de ponta – hidrogénio, como em Cascais -, capaz de transportar pessoas a qualquer sítio a qualquer hora para que, no momento de alguém pegar no carro, pense em primeiro lugar que pode ir de transporte público, gastando o mesmo tempo de viagem, descansando, poupando o meio ambiente e a carteira.

O Estado providenciar uma rede ferroviária capaz de transportar mercadorias do Minho ao Algarve, do litoral ao interior. Uma rede capaz de ser uma via para a exportação de matérias-primas e produtos portugueses para a Europa.

Foi isto que o Ministro Pedro Nuno Santos fez nos últimos 7 anos? Nas nossas cidades, vilas e aldeias, estamos com uma rede de transportes públicos bem melhor agora do que em 2015?

Se sentem isto, estamos no caminho certo. Se por acaso não vislumbram esta melhoria, creio que a esmola que o Primeiro Ministro António Costa anunciou, da redução do ISP em 1 cêntimo por cada 5 cêntimos de aumento, só pode ser para “gozar com quem trabalha”.

__________________________________

Nota: O autor escreve segundo a antiga ortografia.

Sobre o autor:
Consultor de marketing e comunicação, piloto de automóveis, aventureiro, rendido à vida. Pode encontrar-me no mundo, ou no rebelomartinsaventura.blogspot.com ou ainda em instagram.com/rebelomartins. Seja bem-vindo!

Partilhar Artigo: