Revista Rua

2023-05-05T17:12:25+01:00 Opinião

Como uma criança vive o dia da Mãe quando ela já não está fisicamente presente na sua vida?

Parentalidade
Magda Barroso
5 Maio, 2023
Como uma criança vive o dia da Mãe quando ela já não está fisicamente presente na sua vida?

Aproxima-se o dia da Mãe e à semelhança do que acontece no dia do Pai, as crianças preparam trabalhos especiais, demonstram o seu amor através de desenhos e mensagens e em muitas escolas as Mães são convidadas a participar em atividades especialmente dedicadas a elas. Felizmente para muitas crianças este dia é vivido com muito entusiasmo e alegria.

No entanto, quando o pai ou a mãe de uma criança já faleceu, como ela vive este dia?

Como os adultos de referência poderão ser colo nesta situação?

Todos os lutos são diferentes e o luto de uma criança não é maior ou menor que o de um adulto. É um processo com altos e baixos e determinadas datas, locais, pessoas, músicas, objetos poderão despertar lembranças e emoções mais intensas. É como uma ferida que vai cicatrizando e quando alguma coisa ou alguém lhe toca, poderá voltar a sangrar um pouquinho, um pedaço ou muito.

Não conseguimos poupar a criança desse processo intransmissível que é perder alguém que ama, mas podemos acompanhá-la no sofrimento. Para isso, é importante que se sinta emocionalmente segura em casa, na escola e nos outros espaços que frequente.

As crianças percepcionam e interpretam a morte de forma diferente à medida que crescem. Na tentativa de entenderem o que lhes aconteceu poderão fazer muitas perguntas, sendo fulcral responder de forma clara e que não as confunda. Se necessário, perante sinais de alerta, recorrer a acompanhamento especializado em luto infantil.

É essencial respeitar a criança, a sua dor e a sua vontade. Nas datas mais críticas, como o aniversário, o Natal, ou neste caso, o dia da Mãe, é importante antecipar estes acontecimentos e envolvê-la na tomada de decisões. Será fundamental respeitar a forma como ela quererá preservar e cultivar as memórias da sua Mãe.

Será confortável para a criança realizar os trabalhinhos alusivos ao dia da mãe? Quererá entrega-lo ou oferecer a outro adulto? Terá ideias, sugestões ou respostas? Será que prefere não participar?

Algumas crianças poderão encarar este dia com mais naturalidade do que outras. A melhor forma de intervir é escutar a sua vontade e respeitar a sua janela de tolerância, possibilitando-lhe ir até onde se sente emocionalmente segura.

Evitar falar sobre a pessoa que morreu, decidir sobre o que será melhor para a criança sem a escutar previamente não a ajudará a fazer o seu luto, muito menos a manter viva a memória da pessoa amada que lhe morreu.

Sobre a autora

Mãe de 3 crianças com 10, 8 e 5 anos, apaixonada pela família e colecionadora de boas memórias. É Orientadora Parental em Parentalidade e Educação Positivas. Na prática, ajuda famílias nos desafios da parentalidade, a torná-la mais leve e a construírem relações com mais significado.

Instagram:@anamagdabarroso

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