
O sentimento poético, a existência e sobrevivência femininas são as razões para a escolha da atriz e criadora Rita Calçada Bastos ao incluir Eu sou Clarice como segundo espetáculo da trilogia que apresenta no Teatro Aberto.
A densidade da escrita da autora ucraniana, Clarice Lispector, que se fixou muito jovem no Brasil, atraiu assim a atriz que procura nas suas obras a liberdade de ser, de pensar e de fazer. O primeiro livro lido por Rita, há 20 anos, A Hora da Estrela, continua a ser a base de tudo: “A estranheza dos seus textos sempre me deslumbrou. Uma Clarice e Eu, sendo Eu ela própria numa dimensão reconstituída por si mesma, no seu labiríntico e portentoso pensamento”.
Objetivando também o papel da Mulher, enquanto membro ativo da sociedade, Eu sou Clarice, é uma forma de revelar a realidade da vida, desassombrada pela forma de enfrentar os problemas, os eventos humanos e a imensa beleza associadas às pequenas-grandes coisas, pegando na visão da própria Clarice.
Da curiosidade de Rita Calçada Bastos, ao desvendar e desbravar Clarice Lispector, nas suas inquietações e dúvidas, ocorre também esta viagem em palco, num eventual registo biográfico da autora, protagonizado por Carla Maciel. Um cruzar de ideias presentes e outras garantidas pelos textos sempre atuais de uma das mais reconhecidas escritoras mundiais.
