Exposição “Histórias de um Império” em destaque no Museu do Oriente
São 150 obras expostas entre porcelanas, mobiliário finamente trabalhado, lacas e marfim, num misto entre o luxo Oriental e a influência portuguesa, que se estendeu realmente por um vasto Império, possivelmente o nosso único e último, se não tivermos em conta a diáspora da Língua, símbolo de patriotismo que ainda resiste em lugares remotos de um mundo globalizado, legado lusitano.
No Museu do Oriente, apresentando pela primeira vez a Coleção Távora Sequeira Pinto que desde os anos 80 tem vindo a angariar um imenso espólio material que mostre a mescla entre as Culturas Oriental e Ocidental – mais do que contar a História, pretende contar várias outras estórias associadas a cada região –, encontra-se a exposição Histórias de um Império.
São oito os núcleos exibicionais que contam mais de seis séculos de História entre Portugal e a Ásia, num arrepiante e belíssimo passeio educacional e civilizacional, onde poderemos encontrar peças magníficas, simbolizando cada grau de presença nacional à medida que a Expansão marítima e terrestre foi sendo realizada, a partir de cada região e respetivos contrastes culturais.
Passamos assim pela assimilação cultural de objetos e características tipicamente europeias como: “cadeiras, mesas, escritórios, essenciais no quotidiano ocidental, mas surpreendentes aos olhos dos orientais”, aos símbolos religiosos que sempre fizeram parte integrante do fundo colonizador: “O carácter missionário da expansão portuguesa é ilustrado por obras de arte sacra em madeiras preciosas, filigrana, marfim e outras matérias-primas requintadas”. A influência e mescla de materiais e arte de trabalho tornou-se igualmente tão imensa que, de acordo com a própria descrição transmitida pela Fundação Oriente, “revela a materialização de uma imagem mítica, a de um Oriente de opulência e maravilha, em peças de execução delicada em ouro, filigrana de prata, prata dourada, cristal de rocha, marfim e pedras preciosas”. Um incrível Mundo Novo a nascente, que da desconfiança passou à amizade e respeito por vários séculos, a partir de invasões de piratas, estratégias de proteção, trocas comerciais de riqueza absoluta, desde terras das Índia, passando por Timor e terminando com a presença no Japão, e claro, na China. Terras onde Goa e Macau continuam a ser um pedacinho de Portugal a Oriente. Onde muitos ritos e costumes se elevam às radicalizações políticas de partidos nacionalistas nos dias de hoje.
Contudo, não será apenas esse o objetivo da exposição Histórias de um Império, comissariada por Nuno Vassallo e Silva. Será também o observar, o entender as relações que se estabeleceram numa época em que a Globalização se tinha colocado em marcha, onde o estranho se fez entranhado, e que, porventura, ainda fazem parte de cada um de nós.
Para mais informações: Fundação Oriente e Apresentação Histórias de um Império