Maria Ondina Braga: uma incessante vontade por alcançar o Todo
Por Sofia Rodrigues
Maria Ondina Braga é uma referência na literatura portuguesa contemporânea, destacando-se de um conjunto de mulheres escritoras inovadoras do século XX. O seu perfil nómada, desde muito jovem, levou-a a percorrer vários países e continentes e marcou inevitavelmente a sua obra. O estilo ondiniano caracteriza-se sobretudo pela visível vivência do mundo – uma coexistência de tempos e espaços geográficos bastante distintos -, pela presença de vários géneros, pela emergência de uma voz feminina e por uma melancólica memória afetiva que tem as cores e os cheiros do mundo.
Atualmente, com os fluxos migratórios e com a ameaça de construção de novos muros, o perfil multicultural e internacional da escritora Maria Ondina Braga, justifica, só por si, um olhar atento sobre a sua vida e obra.
Devido às experiências sociais e íntimas que construiu, através do seu percurso geográfico e literário, entre continentes, culturas e paisagens, esta obra ganha hoje uma renovada atualidade. Resgatando memórias, questionando crenças e mitos, confrontando tempos e conceções sociais distintas, aproximando o diverso e interrogando as diferentes assimetrias numa incessante busca identitária.
“Queimei-me ao sol de Agosto. Sou morena.
Tenho os olhos profundos e leais,
Lábios esmaecidos, voz serena,
Cabelos curtos, fartos, naturais.
Minha alma é feita de sorriso e pena,
Loucuras mansas, doces, outonais…
Sonhos que trago em mim desde pequena,
Saudades que ficaram de meus Pais!…
Adoro o campo, a paz, a singeleza,
O silêncio da noite, o mar que reza,
A infantilidade, a comoção
Gosto de Falar só…e às escondidas,
Tenho olheiras escuras, mãos compridas,
E sob o peito, a arder, um coração!”
(citado em Vieira, 2017)
Uma vida incomum para a sua época
Maria Ondina Braga, nascida a 13 de janeiro de 1932, foi uma mulher e escritora solitária que, após uma vida nómada, regressou à sua terra, onde acaba por falecer, no Lar Conde Agrolongo, a 13 de março de 2003.
“Eu teimo na minha terra: as ruas de Braga, cada esquina, cada pedra, quase um a um, vou transpondo os passeios estreitos das ruas velhas, tortas, a brancura das avenidas, as lojas, as igrejas, os largos. Ando por lá peregrinando. É noitinha, e os sinos a Trindades tantos sinos, meu Deus! Os pardais esvoaçam, murmurantes, nas tílias do jardim. Ando por lá e ninguém dá conta. Que coisa boa!”
(Braga, A Personagem)
Vive por terras bracarenses até à adolescência, numa família culta, que influenciou a sua escrita e forma de estar. O tio proporciona-lhe uma educação de excelência, aprendendo entre várias outras coisas, a língua francesa. É esta figura masculina que incentiva o gosto da escritora pelas terras desconhecidas.
A escritora termina o ensino secundário no Liceu Sá de Miranda, em Braga. É nesta fase que surge uma doença grave e desconhecida, que a levam à depressão e uma ânsia pela morte. Foi neste período menos bom que surgiu também uma rejeição do próprio corpo, emoções que se revelavam na sua escrita.
Aos dezasseis anos publica o primeiro livro de poemas, Meu Sentir (1949), e três anos depois, Alma e Rimas. Posteriormente, Maria Ondina fez uma pausa na escrita – recomeça 13 anos depois com o livro de crónicas Eu Vim para Ver a Terra (1965) – devido ao seu estado frágil, provocado pela doença.
Mais tarde, por iniciativa própria, continuou a sua formação na Royal Society of Arts, na Inglaterra, acabando por concluir os estudos na Alliance Française, na França.
Em Estátua de Sal (1983), a escritora considera Paris a cidade de sonho. Porém, a sua opinião sobre Inglaterra e o seu povo revela-se um pouco diferente. No livro Eu Vim para Ver a Terra, a autora desabafa que “em Londres as gentes são frias e calculistas”.
O facto de estudar e trabalhar em Inglaterra e França e ao lecionar inglês e português em Angola, Goa, Macau e Pequim, influenciou toda a sua obra. As experiências e as diversas culturas que conheceu acrescentaram à sua escrita algo inovador no panorama da literatura portuguesa da segunda metade do séc. XX. As peregrinações deram-lhe uma visão do “outro”, que é representado na sua obra, através de um olhar diferente e peculiar e por um certo discurso colonialista.
“Palmilhei capitais europeias. Sonhei nas terras úberes de África os mais puros, os mais ardentes sonhos telúricos. Nasci numa cidade sossegada com pedras do tempo dos romanos e Nossas Senhoras de todos os nomes. E não posso esquecer Paris- a sedução, o charme de Paris, na grandeza dos Campos Elíseos ou nas ruelas cosmopolitas e boémias de Saint-Michel. Tenho também de lembrar o perfil dos monumentos de Londres por entre os véus do nevoeiro ou o chuvisco gelado. Tenho também de confrontar Angola com Macau para ser que há sangue e saber que há sono. Mas, acima de tudo, quero encontrar-me comigo.”
(Braga, Estátua de Sal, 1983)
Maria Ondina destaca-se na literatura portuguesa por ser uma das poucas escritoras que tem a capacidade de transformar a sua vida e as suas experiências em grande literatura. Uma escrita marcadamente autobiográfica e modelada pela referida itinerância, não deixando de ser uma escrita intimista onde sobressaem temáticas, tais como a solidão, o tempo, a memória, a luta entre a força interior e a desistência ou mesmo a morte.
Os seus livros foram traduzidos em várias línguas (espanhol, francês, polaco, húngaro, alemão e italiano) e recebeu vários prémios de reconhecimento. Maria Ondina dedicou-se também à atividade de tradutora, tendo traduzido vários autores de renome internacional e colaborado em vários jornais e revistas portugueses. Porém, as entrevistas que deu a vários jornais e revistas ao longo dos anos mostravam uma pessoa magoada e desapontada. Maria Ondina assumia que não se sentia valorizada no panorama literário português.
O percurso literário de Maria Ondina Braga
Maria Ondina, através da sua passagem por terras distantes, deixou vários testemunhos. Destacando-se as primeiras crónicas de viagem, publicadas primeiramente no Diário de Notícias e posteriormente reunidas em Eu Vim para ver a Terra (1965), a autobiografia romanceada Estátua de Sal (1969), como testemunha da sua experiência em Macau, e o livro de contos A China fica ao lado (1968).
Do seu regresso a Macau em 1991 surgiu Passagem do Cabo (1994). Da sua vasta obra publicada contam-se ainda alguns livros premiados, nomeadamente o volume de contos Amor e morte (1970) – Prémio Ricardo Malheiro da Academia das Ciências de Lisboa -, o romance Nocturno em Macau (1991) – Prémio Literário Eça de Queirós – e o livro de memórias Vidas Vencidas (1998) – Prémio ITF da Literatura.
Nos textos em que se descrevem o percorrer das terras distantes, a geografia física assume um papel crucial na conquista da intimidade evidenciada ao longo da escrita. A descrição das paisagens mantém uma ligação entre a busca de autenticidade primitiva, pessoal e coletiva, particularmente retratada nas narrativas de viagens Eu vim para ver a Terra e Passagem do Cabo. O Eu ficcional projeta-se numa sucessão de viagens de regresso às fontes da primeira infância e aos tempos antigos onde se enraízam os valores fundamentais e da autenticidade a que aspira.
As paisagens naturais descritas remetem o leitor para o imaginário. Eu vim para ver a Terra fala-nos da claridade do amanhecer nas linhas do horizonte, criando um ambiente perfeito para o sonho e o devaneio. Com efeito, se nos focarmos particularmente nesta narrativa e na Passagem do Cabo, assistimos à presença constante de uma mítica imaginação. Uma busca incessante pelo desejo de escapar ao tempo que voa e tudo destrói, visível pelos constantes regressos às origens da vida, da história e do mundo, feitas pela escritora.
Nas suas viagens, Maria Ondina traça-nos um itinerário que se estende até ao Extremo Oriente. De Goa a Macau, de Hong Kong a Pequim, desenha-se, de um livro ao outro, a distância onde diversas personagens femininas se cruzam e onde se conhecem as suas diferenças. O Oriente é o fundo de grande parte da sua obra, destacando-se ainda o livro de contos A China Fica ao lado, as autobiografias romanceadas Estátua de Sal e Angústia em Pequim, assim como o romance Nocturno em Macau.
Em toda a obra de Maria Ondina, a experiência da partida é a condição para o reencontro do Eu consigo mesmo, na dor da separação e da perda. Quando confrontadas com estes sentimentos, as protagonistas ondinianas vivem experiências assimiladas a uma “descida ao inferno”. A solidão e a alienação afetiva acompanham o percurso de dor semeado pelos percorridos territórios longínquos.
Na obra Eu vim para ver a Terra, a escritora e protagonista faz um balanço amargo sobre a vida: “Não tenho pena de nada. Não desejo coisa alguma. Veste-me uma espécie de morte, e a dor empresta-me aquele valor que a página do tempo costuma emprestar aos objetos”.
A viagem: uma busca incessante do Eu e do Outro em Mim
A sua rutura desde muito cedo com os sistemas e ideais da sua época refletem-se no seu exílio constante. O seu próprio percurso literário é o reflexo deste eterno conflito interno com que a escritora se deparou: a urgência da fuga e a saudade do regresso às origens, o que revela a sua incapacidade de fixação em um lugar. Esta dualidade confere às suas cartas e à obra ficcional, a incerteza de um ser numa procura constante da sua verdadeira essência, assim como das repercussões do Mundo em Si.
A alma que, acima de tudo, se quer livre levou Maria Ondina Braga a tomar um certo gosto pela deambulação. Esta vontade pelo novo deve-se em grande parte ao seu lado de mulher sensível, de onde emerge o sonho de partir de forma a experienciar e ir ao encontro do Todo a que sempre se sentiu ligada.
“Saudades não guardo, e a solidão em que agora vivo comparo-a a uma casa por alguém varrida de cima a baixo, queimadas todas as recordações, destruídas todas as memórias, a qual resultasse em algo desolado e vazio como um celeiro na Primavera”.
Braga, (citado em Vieira, 2017)
A decisão de viver entre um partir e um regresso, que a escritora queria demorado, reside no facto de no seu interior – revelado em toda a obra -, existir um género de solidão consciente, que não se trata de uma forma de isolamento, mas sim o reflexo de se ter despegado de tudo, precocemente. Segura da companhia dos familiares e amigos, Maria Ondina excluiu desde cedo a importância da apropriação. Este forma de ver as coisas torna-se uma fatalidade, que a obriga a sair continuamente de si, a cortar laços afetivos e apegos, para partir em busca da Humanidade.
“- Viajou muito. Não se sente “exilada” agora em Lisboa? Não sente nostalgia do Oriente?”
“- Não, eu não tenho saudades de nada, nem das pessoas, nem dos sítios… A vida é tão custosa, tão custosa!, que não vale a pena…”
(Entrevista ao Público, 9 dezembro de 1995)
O ecoar das vozes femininas
Maria Ondina Braga nasceu um ano antes do início do período salazarista. A mulher era vista como uma dona de casa, mãe de família, enquanto o homem era o operário que devia sustentar financeiramente as despesas. 1933 foi o ano que marcou o início do salazarismo – um período ditatorial onde se tentou padronizar e estabilizar a população nacional. O feminismo, assim como o comunismo e o socialismo, eram considerados como ameaças ao regime. A mulher era remetida à esfera do privado e os preconceitos e estereótipos de género impediram que o seu talento e valor fossem reconhecidos.
Este tipo de regras influenciou certamente Maria Ondina. Aliás, a autora explicou em 1968, para o Noticiário Nacional, a razão pela qual escrevia:
“Escrevo porque esse mundo que analisei, que vivi, revolucionou-me de tal modo a alma que tinha de o contar. Escrevo porque a experiência que recolhi do mundo transporta-me para a pena”.
A escritora é reconhecida por dar voz às mulheres, representando o quotidiano feminino com grande sensibilidade e longe dos estereótipos ligados à imagem da mulher durante séculos. A “literatura desenvolta” trouxe nos anos 60 uma linguagem despreocupada e ousada em termos de comportamento amoroso, erótico e sexual, sem precedentes até então no panorama português. É precisamente por esta altura que a escritora se estreia como cronista e ficcionista.
Na obra de Maria Ondina, uma mulher solitária e independente, são representadas mulheres tristes e revoltadas que denunciam as várias formas de submissão a que estão sujeitas numa sociedade preconceituosa, machista e patriarcal.
Desta forma, mais do que uma viajante comum, a escritora adotou uma postura crítica e atenta tanto na Europa como no Oriente. Transformou-se numa participante ativa da causa urgente e universal da mudança de mentalidade questionando ao longo da sua obra os vários modos de silenciamento e da subordinação feminina.
Tal como afirma José Cândido de Oliveira Martins no livro Um Jardim Para Maria Ondina Braga (2012), “Maria Ondina legou-nos uma obra humanamente intensa e dorida, cujos textos espelham, de modo admirável e tocante, a complexidade da alma humana das relações interpessoais. Fá-lo através de um olhar intrinsecamente feminino, que se detém no aparentemente trivial; e assim tenta descobrir os sentidos da vida na multiplicidade e na análise das pequenas coisas do quotidiano, mesmo que seja para concluir a irremediável angústia do ser humano ou da amargurada condição de ser mulher”. “Numa palavra, a escrita de Maria Ondina diz, de forma muito singular, a recorrente solidão (“a esmagadora calamidade da solidão”) e o continuado desengano que habita o dia a dia das figuras femininas”, acrescenta.
A importância das cartas no Mundo Ondiniano
Maria Ondina recebia correspondência um pouco de todo o mundo. Muitas das cartas que a escritora recebia eram agradecimentos de amigos ou indivíduos com cargos importantes pelas suas obras e críticas que a mesma fazia, outras eram cartas com convites que honravam a presença da mesma. A escritora era bastante estimada nos países do Leste e no Médio Oriente – com várias teses de investigação na Alemanha, França e Inglaterra -, mas em Portugal, o seu país de origem, o reconhecimento não fazia justiça ao seu trabalho.
Maria Ondina Braga teve um percurso literário distinto, composto por poesia, romance, contos, novelas, crónicas e tradução. Mas é nas cartas que a sua essência é mais notória e experienciada. Nelas, podemos observar uma grande mistura de temáticas, como assuntos em volta da sua obra literária, da sua doença, das suas viagens e da sua vida social.
Nas cartas, Maria Ondina utiliza um discurso despido, quase informal. Porém, também se nota uma certa poesia. De uma forma geral, são o reflexo do lado mais íntimo da escritora, tanto no seu quotidiano criativo, na troca de impressões com outros escritores, como nos desabafos sobre a sua solidão, cansaço e desistência. Por esse motivo, as cartas encaixam-se no ato da ficcionalidade, como um escape ao ato criativo, traduzindo-se numa reflexão sobre a dor e a fragilidade de viver num mundo trágico. Acabam por ser um processo de (re)construção de uma narrativa autobiográfica.
Como afirma Maria Adelina Vieira no livro Maria Ondina Braga: Em Busca de um Centro (2017), a autora utiliza, ao longo de toda a vida, o género epistolar para transmitir os seus estados íntimos sobre o seu Eu e o seu Eu no Mundo, assim como para partilhar factos que ocorrem no seu universo literário e criativo. Estas cartas nas quais são partilhados segredos, emoções e preocupações, podem ser consideradas também elas um ato de criação artística.
“Essa exigência demasiada de si própria. (…) Nesse ponto eu optei por dispensar tudo, mormente os bens materiais, pela recompensa que, de qualquer modo venho recebendo da solidão. O meu caso, no entretanto, bem diferente do seu, porque sempre sofri da cabeça”.
Ondina, carta de 04-12-1996, (citado por Vieira, 2017)
Museu Nogueira da Silva: Espaço Maria Ondina Braga
O Museu Nogueira da Silva proporciona ao público um espaço dedicado à escritora bracarense Maria Ondina Braga. Por iniciativa da família da escritora, que queria ver divulgado o trabalho da escritora, foi acordado, em 2004, o depósito do espólio de Maria Ondina Braga nesta unidade cultural da Universidade do Minho. O espólio conta com manuscritos, livros, recortes de jornais, fotografias e correspondência muito relevantes para o estudo da obra escrita bracarense, ou para quem tenha curiosidade de saber um pouco mais sobre a vida e obra de Maria Ondina Braga.
De forma a receber o espólio, foi criado, no jardim do Museu, que conta com envolventes azulejos e esculturas, perto do tão referenciado jardim da casa da escritora, um espaço permanente que está aberto ao público desde 2012, com a ajuda de um projeto do Centro de Estudos da Escola de Arquitetura da Universidade do Minho.
Segundo a Drª. Maria Helena de Trindade, pertencente à direção adjunta do Museu Nogueira da Silva, sendo impossível recriar o espaço de trabalho da escritora, uma vez que não detinham todos os objetos – apesar de terem expostos móveis, documentos, imagens do espaço original e outros objetos pessoais -, tentaram uma abordagem diferente, criando um ambiente intimista inspirado na vida, obra e personalidade da autora, ambiente esse muito marcado pelas suas viagens e pela grande influência do Oriente e de África.
“No fundo, o lado esquerdo do espaço é reservado a uma área mais pessoal da escritora, enquanto que o lado direito funciona mais como uma zona de arquivo e de estudo”, revela-nos Dr. Miguel Bandeira Duarte, que atualmente comanda a direção do Museu Nogueira da Silva.
A escritora marcou presença várias vezes no Museu Nogueira da Silva, fez algumas conferências e eventos, inclusive recebeu um prémio de literatura da DST, em 2005. “Conhecia bem a casa”, afirma Dr. Miguel Bandeira Duarte.
Com a criação deste espaço, o Museu Nogueira da Silva enriqueceu, ainda mais, a sua coleção e afirma-se como um espaço aberto às diferentes expressões artísticas. Localizado na Avenida Central, em Braga, o Museu está aberto ao público das 9h às 18h, de terça a sexta-feira.
Maria Ondina Braga em poucas palavras…
“Corajosa por sair de uma cidade fechada, pequena, e ir para o Mundo. Na sua época era um verdadeiro ato de coragem. Para além disso, a sua interioridade revelava uma pessoa introspetiva, muito sóbria, por um lado, mas intensa ao mesmo tempo”, afirma a Drª. Maria Helena Trindade, em entrevista à RUA.
Já o Dr. Miguel Bandeira Duarte realça: “Há outras questões, relacionadas com a sua capacidade para abordar problemáticas, como a condição feminina, por exemplo. Há também a própria luta pela profissão, que a autora achava merecer um maior reconhecimento, pois apesar das suas vastas obras, vivia com dificuldades. Existe uma certa luta através das palavras de Maria Ondina Braga”.
“Com ela aprendi que nem todas as palavras são iguais Que se distinguem tanto pela textura como pelo aroma (…) Ou por tudo aquilo que não dizem. (…) Ensinou-me que só o longe é perto e que não somos nós feitos de raízes, mas de vento”, afirma o sobrinho Luís Soares Barbosa, no livro Um Jardim Para Maria Ondina Braga.
Na mesmo obra, José Manuel Mendes recorda a artista e amiga dizendo: “Maria Ondina proporcionou-me a mais preciosa das imagens: requinte e frugalidade, melancolia e esmero, solidão atravessada de vozes, eventos, pulsões subtis, um pendor contemplativo, a força e o carácter de uma personalidade que não prescindindo do seu reduto, se abria a quantos elegesse pelo afeto ou o humanismo das convicções”.
Agradecimento especial ao Museu Nogueira da Silva