MARO e a melodia de um futuro em construção
O nome dela saltou para a ribalta quando Jacob Collier a apresenta em tournée, mas rapidamente MARO mostra o seu talento e surpreende pela voz madura, melódica, que nos embala num suspiro. Com “saudade, saudade”, MARO abre as portas ao Festival Eurovisão da Canção em 2022, onde representa Portugal e conquista o nono lugar da competição. Agora, em digressão por várias salas do nosso país, MARO apresenta o seu trabalho num convite direto ao público: conhecer a essência de MARO, as suas influências e as suas criações. Preparando o lançamento do novo álbum no final de agosto e já com vários projetos na manga, MARO está a construir o seu futuro, uma melodia de cada vez.
MARO, o teu percurso já foi bastante esmiuçado durante as promoções da Eurovisão e sentimos que já te conhecemos muito bem. No entanto, há uma pergunta inicial que gostávamos de fazer: quem é esta MARO após o sucesso da Eurovisão? Sentes que o teu percurso está a mudar?
Acho que a nível de mudança posso destacar a experiência: quanto mais coisas diferentes nós vivemos, mais conseguimos crescer a vários níveis. Não só musicalmente, com a experiência de palco, mas também pessoalmente, graças ao facto de lidarmos com muita gente diferente ao mesmo tempo, que pensa coisas diferentes. Quem é a MARO no geral? Uma compositora, uma artista, uma cantora, não sei… (risos) Sou de Lisboa, tenho 27 anos, estudei piano clássico durante 14 anos, fui estudar depois para os EUA – durante três anos estive Boston e depois fui viver para Los Angeles -, estive em tournée com o Jacob Collier e agora vou lançar um álbum em agosto.
Tens muitas inspirações, desde artistas nacionais a internacionais. Podes mencionar-nos algumas dessas pessoas que neste momento influenciem o teu trabalho?
Eu não gosto muito desta resposta, mas, no geral, o que me influencia é a música do mundo. Eu cresci a ouvir música de África. Um dos meus artistas preferidos é o Rajery, do Madagáscar. As vozes búlgaras ou os clássicos brasileiros, o folk tipo Joni Mitchell ou Nick Drake, os The Beatles… Eu acho que não tenho muito um género – e talvez seja isso mesmo que molde o meu estilo.
Depois desta digressão nacional, vais para os EUA e Canadá, correto? O que trazes ao público nestas tours?
Esta tour, especificamente, é um híbrido. Trago trabalhos antigos e canções novas, mas num set acústico. Com banda, claro. Tenho baterista, baixista e guitarrista a tocar comigo. Eu estou na guitarra acústica. Ainda é uma fase de passagem, com coisas do antes e com coisas novas, mas que ainda não estão totalmente na sonoridade que vão ter para o ano em tournée.
A responsabilidade é maior agora, depois da Eurovisão?
Não… eu não pus essa pressão em mim. Eu fui à Eurovisão fazer uma coisa que eu já fazia antes e que eu vou continuar a fazer. A parte difícil, se calhar, é saber que as pessoas agora estão mais ligadas a uma música e que podem vir a um espetáculo à espera de ouvir um concerto inteiro parecido com “Saudade, Saudade”. Mas eu não ponho essa pressão em mim. Se calhar porque eu vou fazer hoje o que eu fiz até agora e o que eu quero fazer daqui para a frente. Para mim, acaba por ser o mesmo objetivo: tocar bem as músicas que eu já tenho no meu repertório e tentar criar uma relação bonita com o público.
Sentes que o público acaba por acarinhar qualquer uma das tuas músicas então?
Sim, tem corrido super bem, felizmente!
Que planos tens para a tua carreira? Vais lançar um álbum, correto?
Sim, vou lançar um álbum no fim de agosto. Tenho já concertos agendados e outros projetos na calha. O novo álbum tem 14 temas, todos escritos por mim, mas há vários temas com colaboração. Ou seja, eu estou a fazer o álbum inteiro com o John Blanda, que é o meu melhor amigo americano, um excelente músico. Ele acompanhou o processo de criação, produzimos ao mesmo tempo, mas às vezes ele começava os instrumentais, por exemplo, e eu escrevia a melodia e letra. Todas as melodias e letras são minhas. Quase tudo em inglês, mas existe uma canção em português e uma canção que tem um verso em português.
É mais fácil para ti te expressares em inglês?
Não, eu na verdade escrevo muito em português também. Tenho dois álbuns já fechados em português que só falta gravar e lançar. Para mim, depende de onde eu estou e com quem eu estou a trabalhar. Neste caso, como estou a trabalhar com o John Blanda e nós falamos em inglês, o projeto acabou por sair maioritariamente em inglês. Mas escrevi várias coisas em português.
Estás motivada para os próximos tempos?
Sim, super!