
O Teatro Oficina, uma companhia de teatro de Guimarães, arranca 2023 com uma nova direção artística que irá perdurar por dois anos, a cargo do criador e encenador Mickaël de Oliveira. Depois de Sara Barros Leitão solidificar um importante trabalho de valorização e dinamização da estrutura cultural, é a vez de Mickaël de Oliveira dar corpo a um novo programa que irá valorizar um forte apoio à criação cultural, numa aproximação de públicos e lugares.
“Podíamo-nos ter dedicado a pensar em criações para a companhia de teatro, que queremos que continue ativa e a circular peças próprias, mas quisemos olhar para o território e perceber de que forma podemos ajudar a criar. Acreditamos que com isso não estamos apenas a deixar o fruto do trabalho do Teatro Oficina, mas o trabalho d’A Oficina e do projeto cultural para a cidade, apoiando criadores, companhias e quem procura profissionalizar-se”, partilha o vereador da cultura do Município de Guimarães e presidente d’A Oficina, Paulo Lopes Silva.
A cooperativa cultural vimaranense, A Oficina, dá assim o mote de progressão do rumo artístico definido para o Teatro Oficina, num caminho voltado para a criação com a entrada em cena de Mickaël de Oliveira, cujo percurso tem sido galardoado com várias distinções no âmbito da dramaturgia, encenação e escrita para teatro. É autor de diversos textos, entre os quais Oslo – Fuck Them All and Everything Will Be Wonderful, em cocriação com Nuno Cardoso, apresentado na 28ª. edição dos Festivais Gil Vicente, em Guimarães.

“O trabalho da Sara (Barros Leitão) foi muito valioso. Desta experiência que tivemos, pensamos que fosse uma mudança positiva, não apenas para a Companhia, mas para quem vem assumir o papel, pelo facto de ficar por mais tempo. A nossa ideia é que o Teatro Oficina viva integrado e em articulação com a instituição. O Mickaël vem ajudar-nos a implementar e a reforçar a ideia de Cidade de Criação”, partilha Rui Torrinha.
O diretor artístico do Teatro Oficina propõe dar continuidade à identidade da Companhia, integrando criações próprias que consolidam a sua missão de apoiar a criação artística teatral em Guimarães – numa ambiciosa expansão a todo o território. O programa desenvolve-se a partir de quatro linhas: Criação, Formação, Pensamento e Linha de Apoio à Criação. No âmbito da Criação, insere-se a estreia de Ensaio Técnico, projetado para setembro/outubro, com texto e encenação do próprio Mickaël, que antecipa um programa de residências artísticas, intituladas por Criação Crítica. “Guimarães é uma cidade incrível para se desenvolver um trabalho com calma, onde há espaço para pensar. Tem muitos recursos e muita atividade artística. Isso é de saudar e vem daí a minha vontade de trabalhar com o Teatro Oficina”, introduz Mickaël de Oliveira.
A Linha de Apoio à Criação centra-se na oferta de bolsas dirigidas a autores e estruturas de teatro que procuram consolidar o seu repertório, promovendo autorias individuais e/ou coletivas no estímulo à produção nacional dramatúrgica. Há um Open Call a arrancar em março. “Vamos tentar ajudar artistas de Guimarães e que passem pel’A Oficina, destacando projetos teatrais, considerando que o teatro hoje existe em cruzamento com outras artes, como a dança e a música, porque convoca outras disciplinas”, antecipa Mickaël de Oliveira.
A terceira linha, Pensamento, procura discutir temas que nos assaltam o quotidiano – sociais, artísticos e políticos – e outros que se prendem com os contextos da criação artística e as suas práticas laboratoriais. Já na linha da Formação, o programa mantém as habituais OTO – Oficinas do Teatro Oficina. Destaque ainda para Encontros de Dramaturgia, entre março e maio, que será um lugar de partilha entre dramaturgos convidados e escritores de teatro, dança e/ou performance.
O programa acolhe duas Open Call para candidatura à Bolsa de Criação – Dramaturgia e à Criação Crítica, ambas com início em março.