Revista Rua

2022-02-10T11:22:32+00:00 Cultura, Fotografia

Sustentar até 3 de março na Galeria de Arte do Convento Espírito Santo em Loulé

Pretende-se desta forma aumentar a consciencialização crítica e sensibilização da sociedade em torno das alterações climáticas e dos seus evidentes impactos ambientais.
Cláudia Paiva Silva9 Fevereiro, 2022
Sustentar até 3 de março na Galeria de Arte do Convento Espírito Santo em Loulé
Pretende-se desta forma aumentar a consciencialização crítica e sensibilização da sociedade em torno das alterações climáticas e dos seus evidentes impactos ambientais.

Até 3 de março, na Galeria de Arte do Convento Espírito Santo em Loulé, a Ci.CLO, plataforma de pesquisa, criação e ação em Fotografia, apresenta a exposição dedicada resultante do projeto Sustentar.

Tendo por princípio a colaboração entre artistas, curadores, agentes culturais, comunidades, municípios e instituições nacionais e estrangeiras, a Ci.CLO organiza residências artísticas, por forma a também implementar programas educacionais com produção de exposições e publicações, num objetivo simples: confrontar as ideias do mundo atual, colocar em perspetiva e questão à medida que o tempo se torna mais célere, através do recurso a temas emergentes e importantes à sociedade nacional contemporânea.

Assim nasceu o projeto-plataforma Sustentar, que pretende dar a conhecer ao grande público as várias iniciativas criadas em Portugal enquanto resposta aos vários desafios e problemas que atualmente enfrentamos, como por exemplo, a seca agravada desde o findo ano de 2021, o cultivo extensivo de várias produções agrícolas, o desgaste de solos na orla ocidental ou o aumento do nível do mar, entre tantos outros que estão sendo amplamente mencionados por vários órgãos, grupos e instituições.

Em Plena Luz, Elisa Azevedo

Passando ainda por Setúbal, entre maio e junho e antes de terminar em Évora, a 31 de julho, o projeto encontra-se agora em exposição em Loulé, e mostra o resultado, em fotografia, das várias ideias apresentadas para uma melhor conservação do património biológico e geológico em território nacional. Esta primeira edição permitiu a seis artistas acesso a seis iniciativas que foram ou estão a ser implementadas em Portugal: POCITYF (Câmara Municipal de Évora), Núcleo Museológico do Sal (Câmara Municipal da Figueira da Foz), Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira (Câmara Municipal de Loulé), Transição agroecológica (Câmara Municipal de Mértola), Setúbal Preserva bairros do Grito do Povo e dos Pescadores (Câmara Municipal de Setúbal) e LIFE Montado-Adapt (EDIA).

Organizado a partir de encontros entre os curadores, artistas e especialistas para análise do trabalho em curso, o projeto teve como principal propósito uma também descentralização dos grandes centros urbanos, permitindo as residências artísticas se fixarem ainda que temporariamente em cada território — espaços vitais e críticos para incubar novas práticas, examinar metodologias e desenvolver diálogos proativos, muito dentro do conceito “from Global to Local”.

De Vagar O Mar, Maria Oliveira

Dos artistas, acabamos por ganhar também a sua visão pessoal sobre o contexto regional onde se pretendem estabelecer novas perspetivas de sustentabilidade. Evgenia Emets, com Arte de Sombrear o Sol, acompanha as alterações climáticas, a transição agroecológica e a agricultura sintrópica em Mértola como uma possibilidade de adaptação ao cenário de severa escassez de água. Maria Oliveira cria uma passagem metafórica para o mundo antigo e pré-humano nas salinas da Figueira da Foz com o título De Vagar o Mar, o qual reconhece o potencial natural e cultural deste território. Já Em Plena Luz de Elisa Azevedo explora a integração de sistemas inovadores de captação de luz solar para tornar a zona histórica de Évora autossustentável do ponto de vista energético. No Parque de Noudar, o filme O Leito do Rio de Sam Mountford centra-se nas dimensões culturais, sociais e ecológicas dos Montados ibéricos e na resiliência deste território para mitigar as consequências das alterações climáticas. Em Loulé, a série Geoparque de Nuno Barroso especula sobre os paradigmas do território do Geoparque Algarvensis através da exploração da multirrealidade em torno da agricultura, energia e atividade turística. Finalmente, em Setúbal, Hoje, Translúcido de Margarida Reis Pereira, desenvolve-se através do diálogo com as comunidades dos bairros do Grito do Povo e dos Pescadores, população em maior risco de vulnerabilidade e muitas vezes colocada à margem numa exclusão social marcada pelo desemprego crescente, utilizando um conjunto de estratégias visuais para representar as suas memórias e identidade.

Pretende-se desta forma aumentar a consciencialização crítica e sensibilização da sociedade em torno das alterações climáticas e dos seus evidentes impactos ambientais, nomeadamente nas comunidades regionais, mas das quais todos estamos dependentes. Por outro lado, quer-se também uma maior valorização ao património natural e cultural, sob a forma de Geoparques ou de Áreas de Proteção Ambiental, também reconhecidos pela UNESCO, proporcionando uma integração das populações às atividades independentemente do seu grau académico ou estrato social. Quer-se uma maior interação entre as pessoas, também contrapondo ou colocando um ponto quase final na segregação resultante de dois anos de pandemia.

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